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Alexandre Lombardi dos Santos

Sou Socialista. com celular. Casa e carro também

Atualizado: 13 de nov.



símbolo de bens acima e de um celular abaixo
Símbolo de bens acima e de um celular abaixo.

O socialismo, entre suas diversas facetas, representa a apropriação dos meios de produção com a intenção de socializar, sem, no entanto, se.

Restringir ao bem em si, como muitos sugerem.

É comum que socialistas enfrentem provocações como a do título. Para enriquecer o repertório, outras provocações surgem, como: “Se você é socialista, por que não começa dividindo sua casa?”, “Doe seu carro a quem não tem”, “Doe seu dinheiro aos pobres”, entre outras. Em situações mais extremas, há até sugestões para que se mude para a floresta e inicie um novo sistema. Levanta-se também a questão da contradição em usar o sistema capitalista para obter lucros enquanto se opõe a ele, devido às suas práticas.

É importante destacar que, no que diz respeito ao celular, o socialismo aborda a socialização dos meios de produção, e não a distribuição dos bens produzidos. Além disso, é essencial lembrar que o mundo não “nasceu” capitalista e não necessariamente se submeterá a esse sistema, que contém em sua essência contradições que podem levá-lo a um colapso.

Para ilustrar a fragilidade de tal raciocínio, vejamos um pequeno trecho de uma conversa:

— Você, que me critica com esse “meme”, deve admitir uma entre duas coisas:

1 - que eu não posso ter celular por ser socialista ou;

2 - se eu tiver celular, devo me converter ao capitalismo liberal.

Pois, na sua concepção, o socialista não pode possuir bens individuais.

Apliquemos essa mesma lógica ao seu caso, sendo um capitalista liberal: sabe-se que o capitalismo liberal prega que tudo deve ser transacionado com base no dinheiro. Isso é um fato indiscutível e, certamente, você concorda com essa afirmativa. Para os capitalistas liberais, tudo é regulado automaticamente pela “mão invisível do mercado”, conforme Adam Smith.

— Então, pergunto: você possui uma casa, um carro ou outros bens que não sejam aplicações financeiras ou

monetárias?

Baseado em seu próprio raciocínio, se você possui bens, não pode ser capitalista. Das duas uma: ou você vende todos os seus bens e os converte em aplicações financeiras ou em qualquer forma de dinheiro, ou você mantém seus bens tangíveis e se torna um socialista, pois, caso contrário, estaria se contradizendo.

O socialismo também envolve a exploração dos meios de produção visando socializar, e não se limita ao bem em si, como você sugere. Acredito que essa argumentação seja suficiente para encerrar esse diálogo, que, conforme mencionado, carece de um entendimento mais profundo da teoria sociológica.

Pessoas com essa visão poderiam se beneficiar ao aprofundar seus conhecimentos sobre o socialismo e ao desenvolver uma maior consciência de classe. É importante lembrar que o celular, a internet, o micro-ondas e outras inovações contemporâneas foram desenvolvidos em instituições e universidades públicas, por meio de pesquisas que não tinham como foco o lucro.

Indivíduos com essa perspectiva poderiam se beneficiar ao adquirir mais conhecimento sobre o socialismo e ao desenvolver uma maior compreensão, como já foi mencionado. O socialismo não propõe que eu deva dividir minha casa, mas que todos tenham acesso a uma moradia digna, em vez de um indivíduo acumular dez casas enquanto outro não possui nenhuma. Por que algumas pessoas precisam ter três ou quatro carros, enquanto a maioria não tem nem um?

Esse mesmo raciocínio se aplica a todas as esferas da vida enquanto estivermos imersos nesse sistema capitalista. Trabalhar, estudar e conseguir recursos para sobreviver são nossas únicas opções dentro desse sistema; isso não impede que eu critique suas falhas, denuncie injustiças e lute pelos desfavorecidos. Expor minha opinião e não permanecer em silêncio diante dessas injustiças ou provocações é essencial e um dever, mesmo que eu tenha que arcar com as consequências por esse posicionamento no futuro.

Discursos afirmam: “é fácil ser socialista sendo rico ou tendo carro”. Para expandir essa coleção de expressões, podemos incluir exemplos como: “Caso você seja socialista, por que não começa compartilhando sua casa?”, “Entregue seu carro para quem não possui um”. Fala-se muito sobre a meritocracia como uma das bases do capitalismo; frequentemente, casos são citados, como“” essa pessoa não possuía nada, nasceu pobre e se tornou empresário” ou conseguiu custear a universidade para os filho, entre outros. É evidente que esses exemplos são inspiradores e merecem respeito, mas representam a minoria. A vasta maioria, os pobres e excluídos, já inicia sua jornada em desvantagem, enfrentando problemas desde o nascimento, como preconceitos raciais e sociais, entre outras carências. Não se pode falar em meritocracia quando alguns começam quase na linha de chegada, enquanto a maioria se encontra muito atrás.

Vale ressaltar que, no que diz respeito ao celular, o socialismo se refere à socialização dos meios de produção, e não à questão dos bens. Além disso, é fundamental lembrar que o mundo não “nasceu” capitalista e não sucumbirá sob esse sistema, que contém contradições que podem levá-lo ao seu próprio colapso.

Para finalizar a questão:

O socialismo, entre outros aspectos, envolve a distribuição dos meios de produção para todos, e não está necessariamente ligado ao bem comum, como se sugere. Acredito que essa argumentação encerra esse diálogo, que, como já mencionei, carece de um entendimento mais profundo da teoria sociológica.

A lição é que é essencial conhecer melhor o socialismo que já existiu, pois haverá outro, embora diferente do anterior. A questão é que o socialismo não, terá qualquer relação com este sistema atual, predatório e exploratório, onde uma pequena porcentagem da população mundial detém mais de 99% da riqueza. Onde vários países exploram a mão de obra de nações subdesenvolvidas ou com mão de obra barata para que os ricos de seus países gritem ao mundo que esse sistema, de fato, funciona.“”Você já percebeu que o sapato que você usa foi fabricado na China por menos de um dólar e vendido por mais de 200 dólares”.

Peço desculpas antecipadamente pela natureza deste texto, pois o assunto delicado exigiu uma explicação semelhante.

A agitação nas redes sociais muitas vezes reflete uma sociedade dividida, onde ideais e crenças se confrontam em um choque de opiniões. Um campo de batalha de palavras e memes, onde provocações como“” se você é socialista, porque não começa dividindo sua casa e” doe seu carro ecoam frequentemente. Essas provocações, de um lado, buscam deslegitimar opiniões alheias, enquanto, de outro, evidenciam a falta de compreensão sobre os princípios do socialismo.

A linha de chegada, para muitos, é inalcançável, enquanto outros, nascidos na fortuna, não apenas cruzam essa linha, mas fazem dela um ponto de partida.

Em meio a esse intricado debate, surgem os desafios da própria concepção de propriedade no capitalismo. Quando questionamos as pessoas sobre suas posses, como casas e carros, é impossível não perceber a ironia que permeia as conversas. A ideia central do socialismo não é a distribuição forçada de bens, mas a socialização dos meios de produção — uma proposta que transcende a mera divisão de riqueza e tem em vista estabelecer uma estrutura mais solidária e justa.

O que muitos não compreendem é que a história e a evolução dos sistemas econômicos são dinâmicas. O capitalismo, com suas promessas e falhas, pode não ser a única solução. Afinal, a experiência do passado é um guia importante, mas não um destino irreversível. Há espaço para a criação de um novo socialismo, que aprenda com os erros de tentativas anteriores, um esforço que se comprometa com a justiça social e a equidade.

Portanto, ainda que a discussão se intensifique e as provocações se tornem mais frequentes, a memória histórica e o anseio por um futuro mais justo não devem ser ofuscados. Na intricada tapeçaria social, cada voz e cada perspectiva têm valor. O importante é que continuemos a dialogar, buscando compreensão e conhecimentos mais profundos sobre o que significa construir uma sociedade verdadeiramente equitativa. Essa é, sem dúvida, uma luta que transcende ideais e que deve unir aqueles que aspiram a um mundo melhor.

Na essência do socialismo, encontramos a defesa de direitos universais, como o acesso à moradia digna. Imaginar que cada indivíduo deve partilhar suas posses pessoais, como uma casa ou um carro, é reduzir a complexidade da proposta socialista a uma simplificação grosseira. O que se busca, na verdade, é a superação de uma realidade em que, enquanto alguns acumulam múltiplas propriedades, outros não têm um teto sob o qual se abrigar. Essa crítica toca na ferida do consumismo e da desigualdade: um convite a imaginar um mundo onde todos tenham a chance de prosperar.

A meritocracia, frequentemente exaltada como um pilar do capitalismo, é apresentada como a razão pela qual alguns conseguem ascender socialmente. No entanto, ao observarmos a realidade da maioria, marcada por barreiras de classe e preconceitos raciais, a falta de oportunidades se torna evidente. Assim, percebemos que o ideal meritocrático é apenas um discurso que encobre uma verdade mais dura. A linha de chegada, para muitos, é inalcançável, enquanto outros, nascidos na fortuna, não apenas cruzam essa linha, mas fazem dela um ponto de partida.

Em meio a esse intricado debate, surgem desafios da própria concepção de propriedade no capitalismo. Quando questionamos as pessoas sobre suas posses, como casas e carros, é impossível não perceber a ironia que permeia as conversas. A ideia central do socialismo não é a distribuição forçada de bens, mas a socialização dos meios de produção — uma proposta que transcende a mera divisão de riqueza e visa estabelecer uma estrutura mais solidária e justa.

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